Hoje eu vou falar sobre a importância dos primeiros 1000 dias de vida que refere-se aos 270 dias da gestação, somados aos 2 primeiros anos de vida (365 dias do primeiro ano e os 365 dias do segundo).
Esses períodos têm um tremendo impacto na saúde, na estruturação física e emocional da criança, que repercutem por longos anos e até por toda vida.
Primeiramente, o conceito surgiu em 2008 quando a revista britânica, The Lancet, publicou uma série com essa temática, abordando a importância da amamentação e nutrição neste período como definitivos para a vida humana.
Da mesma forma, todo o embasamento científico posto foi de tamanha relevância que o conceito dos “primeiros 1000 dias” – período da concepção até o segundo ano de vida – até hoje, são usados como referência em artigos científicos na área da saúde.
Esses estudos servem para nortear estratégias de saúde pública em diversos países, salientando a importância da nutrição saudável nessa fase, afim de encorajar melhores políticas públicas que consigam garantir a promoção da saúde integral das crianças, principalmente nos primeiros dois anos de vida.
A série da Lancet mencionada também frisou que o afeto dos pais e estimulação precoce são fundamentais para a formação cognitiva e motora da criança.
Por exemplo, a desnutrição nos primeiros anos de vida, resultará em um déficit físico e cognitivo.
Mesmo que supere problemas de saúde relacionados à desnutrição, ainda sim, ocorrerá baixo desempenho acadêmico na vida escolar.
Com isso, as habilidades físicas, cognitivas, linguísticas, e socioemocionais podem ser prejudicadas de maneira irreparável.
Do mesmo modo, as sinapses no cérebro que não ocorreram nesses 1000 dias não serão formadas depois, mesmo que sejam compensadas as carências nutricionais, afetivas e ambientais.
Obviamente, ao se tratar de situações não extremas como combater a desnutrição e obesidade, o intuito dos profissionais da saúde é conseguir auxiliar os pais a potencializar ao máximo o desenvolvimento saudável da criança durante esses 1000 dias e para o resto da vida.
Leia também: Cuidados com o bebê
A importância do parceiro (a) nos primeiros 1000 dias de vida
Cabe ressaltar que a criação dos filhos está diretamente associada à figura da mãe, mas não deveria ser assim.
A figura do parceiro (a) tem que ser trazida ao contexto e estamos tão acostumados a tê-los ausentes no costume paternalista brasileiro que não se tem espaço para acolhê-los nem durante a gestação e nem depois.
Sendo assim, não é porque a mãe possui o privilégio de amamentar que o parceiro (a) não pode fazer todo o resto, muito pelo contrario.
Mas para que os pais tenham a possibilidade de se dedicar à criação de seus filhos, devem estar amparados por políticas públicas que garantam saúde, nutrição, educação e instituições confiáveis voltadas para o bem-estar dos pequenos.
Os centros de saúde devem estar preparados para acompanhar as famílias e atender suas demandas, sejam elas fisiológicas ou emocionais.
Planejando engravidar?
Como já foi dito, tudo que ocorre nesse período irá impactar para o resto da vida do seu pequeno.
Sendo assim, ao planejar a gravidez, já é preciso que o casal cuide de sua saúde.
Contudo, sua alimentação, seu estilo de vida e outros hábitos como beber álcool, fumar, uso de medicamentos, entre outros irão gerar impactos na próxima geração.
O acompanhamento Pediátrico já nesse período pode fazer toda a diferença, principalmente para a futura mamãe que irá gestar essa nova vida.
Isso ajudará a evitar complicações não só na gestação e posteriormente, pois um casal que pretende ter filhos tem que se cuidar hoje!
Hoje é o momento ideal para procurar um ginecologista obstetra e uma pediatra!
Fases:
- Gestação
É hora de preparar o corpo e a mente para a chegada do bebê!
Fazer o pré-natal e cuidar da alimentação é indispensável, assim como, a suplementação de micronutrientes como:
- ácido fólico;
- cálcio;
- ferro;
- folato e sal iodado.
É importante também:
- não ingerir álcool;
- não fazer uso de medicamentos ou outras substâncias, mesmo que naturais sem consultar um médico;
- vermifugação para eliminar a possibilidade de parasitoses.
Também é um bom momento para começar a formar uma rede de apoio e preparo psicológico para o parto.
Quando o bebê nasce, os pais precisam entender como cuidar dessa nova vida, pois os primeiros anos são de desenvolvimento intenso.
- O aleitamento materno
O aleitamento materno exclusivo (imediato após nascer, se possível) é a alimentação que supre todas as necessidades nutricionais do bebê.
Em outras palavras, não sendo necessário nenhum outro alimento, a menos que a mãe não tenha leite o suficiente disponível.
Nesse sentido, a introdução de fórmulas prontas não é necessária, pois o leite da mãe possui proteínas, gorduras, hidratos de carbono, vitaminas e minerais.
Estudos apontam relação direta entre o aleitamento materno e a diminuição da mortalidade por infecções em recém-nascidos.
Sendo assim, quanto mais cedo eles são amamentados, incluindo, nas suas primeiras horas de vida, melhor será a sua saúde.
O Leite materno também tem relação com diminuição do risco de obesidade, na infância, diabetes e hipertensão na vida adulta.
Leia também: É possível repor os nutrientes somente com a alimentação?
Os principais marcos do desenvolvimento da criança podem ser classificados em:
- Sócio emocional: capacidade de expressar emoções, criar vínculos saudáveis.
- Linguagem: capacidade entender e aprender a usar a linguagem.
- Cognitivo: capacidade de pensar, aprender e resolver problemas.
- Motor: capacidade motoras grossas e finas (ex: sentar, engatinhar e andar)
Idade | Sócio emocional | Linguagem | Cognitivo | Motor |
0 a 6 meses | – Sorri e dá risadas com cócegas | – Balbucios e arrulhos | – Vira a cabeça para acompanhar sons-Movimentos dos olhos coordenados | – Ergue a cabeçaRola- Assenta com apoio- Procura por, agarra e leva a boca objetos |
6 a 9 meses | – Entende ‘não’- Ri e dá gargalhadas por prazer | – Balbucia vogais e consoantes, como mama e papa. | – Responde pelo seu nome- Aumenta o interesse por um determinado brinquedo | – Senta sem apoio- Fica de pé segurando as mãos de alguém- Engatinha- Manipula objetos com as mãos |
9 a 12 meses | – Chora quando os pais saem- Imita sons e gestos- Interesse por outras crianças | – Entende e pode falar mamãe ou papai- Acena para dar tchau | – Cutuca com o dedo- Responde a simples solicitações- Aponta | – Levanta para ficar de pé- Caminha segurando nas coisas- Movimento de pinça |
18 meses | – Estranha desconhecidos- Birras- Imaginação no brincar | – Fala algumas palavras-Fala e balança a cabeça para dizer “não”- Aponta para mostrar coisas | Aponta para partes do corpo- Faz rabiscos- Segue orientações simples | – Caminha sem apoioSegura e bebe no copo- Come com colher |
2 anos | – Brinca ao lado de outra criança- Mostrar mais independência | – Começa a formar frases- Repete palavras- Aponta imagens de um livro | – Começa a nomear cores e formas- Empilha blocos- Brinca de faz de conta | -Começa a correr- Fica na ponta dos pés- Arremessa bolas |
Fonte: https://institutoneurosaber.com.br/marcos-do-desenvolvimento-infantil-de-0-a-5-anos/
Procure um ginecologista e uma pediatra o quanto antes para que o seu bebê tenha tudo o que precisa nos primeiros 1000 dias de vida.
Um beijo!!!
🥰Amor em cuidar dos pequenos!🥰
Dra Fernanda Cardoso
Pediatra e Reumatologista Pediátrica
• CRM 158898
• RQE PEDIATRIA 85220
• RQE REUMATO 85221